3 de janeiro de 2012

xaneu nº 5 - O teatro Mágico



Xanéu nº 5 [O Teatro Mágico]


A minha tv não se conteve


Atrevida passou a ter vida

Olhando pra mim.

Assistindo a todos os meus segredos,

minhas parcerias, dúvidas, medos,

Minha tv não obedece.

Não quer mais passar novela, sonha um dia em ser janela e não quer mais ficar no ar. Não quer papo com a antena nem saber se vale a pena ver de novo tudo que já vi.

A minha TV não se esquece nem do preço nem da prece que faço pra mesma funcionar. Me disse que se rende a internet em suma não se submete a nada pra me informar.

Não quis mais saber de festa não pensou em ser honesta funcionando quando precisei. A notícia que esperava consegui na madrugada num site, flick, blog, fotolog que acessei.

A minha TV tá louca, me mandou calar a boca e não tirar a bunda do sofá. Mas eu sou facinho de marré-de-sí, se a maré subir eu vou me levantar. Não quero saber se é a cabo nem se minha assinatura vai mudar tudo que aprendi, triste o fim do seriado, um bocado magoado sem saber o que será de mim.

Ela não SAP quem eu sou,

Ela não fala a minha língua.

"Pô tô cansado de toda essa merda que eles mostram na televisão todo dia mano, não aguento mais, é foda!"

Manda bala Fernando...

Enquanto pessoas perguntam por que, outras pessoas perguntam por que não?

Até porque não acredito no que é dito, no que é visto.

Acesso é poder e o poder é a informação. Qualquer palavra satisfaz. A garota, o rapaz e a paz quem traz, tanto faz. O valor é temporário, o amor imaginário e a festa é um perjúrio. Um minuto de silêncio é um minuto reservado de murmúrio, de anestesia. O sistema é nervoso e te acalma com a programação do dia, com a narrativa. A vida ingrata de quem acha que é notícia, de quem acha que é momento, na tua tela querem ensinar a fazer comida uma nação que não tem ovo na panela que não tem gesto, quem tem medo assimila toda forma de expressão como protesto.

Falou e disse...

Num passado remoto perdi meu controle...

Num passado remoto perdi meu controle...

Num passado remoto...

Era vida em preto e branco, quase nunca colorida reprisando coisas que não fiz, finalmente se acabando feito longa, feito curta que termina com final feliz..

Ela não SAP quem eu sou,

Ela não fala a minha língua.

Ela não SAP quem eu sou,

(Sabe nada...)

Ela não fala a minha língua.

Ela não SAP quem eu sou,

Ela não fala a minha língua.

(Quem te viu, pay-per-view.)

Ela não SAP quem eu sou,

Ela não fala a minha língua.

Eu não sei se pay-per-view ou se quem viu tudo fui eu.

A minha tv tá louca.

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